surto de toxoplasmose

Gestantes somam 20 casos confirmados de toxoplasmose e 85 suspeitas

Dandara Aranguiz

Foto: Husm (Divulgação)

Enquanto a fonte de contaminação do surto de toxoplasmose em Santa Maria ainda não é identificada, a recomendação de médicos e especialistas de saúude segue sendo a mesma: precaução. E, no momento, a preocupação maior dos profissionais da área é com um nicho específico do chamado grupo de risco: as gestantes.

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Até o momento, a cidade já registra 176 casos confirmados da doença, sendo 20 desses, mulheres grávidas. Outras 85 gestantes aguardam o resultado dos exames do Laboratório Central do Estado (Lacen/RS) para a confirmação, ou não, do diagnóstico. Além delas, a Secretaria Estadual de Saúde ainda investiga a causa da morte de dois fetos, de 28 e 36 semanas gestacionais, e de um aborto (no início da gestação). Nos três casos, as mães apresentaram sorologia positiva para a toxoplasmose.

Na sexta-feira, durante a coletiva de imprensa que divulgou o último balanço com os dados atualizados do surto na cidade, a superintendente do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), Elaine Resener, sugeriu que as mulheres que planejam ter filhos adiem os planos, ao menos, por enquanto.

- Como sou obstetra, não posso me furtar: que as gestantes tomem realmente todo cuidado, e as mulheres, se estiverem planejando uma gravidez, podem esperar um pouquinho mais - afirmou.

Hoje, o Husm é quem concentra o atendimento a gestantes com a confirmação da doença, que são encaminhadas ao hospital pelos postos de saúde do município. Além disso, elas seguem fazendo o pré-natal normalmente nas unidades básicas da cidade.

O Ministério da Saúde não tem nenhum protocolo indicando o que seguir nesses casos, mas a recomendação médica, de maneira geral, é para que as mulheres esperem, pelo menos, até o ano que vem para fazer o planejamento familiar.

- Não estamos impondo nada a ninguém, mas a gente recomenda àquelas mulheres que têm a intenção de engravidar, que agora não é o momento ideal. A carga parasitária a qual todos nós estamos expostos é maior do que o normal. O ideal seria esperar por até dois anos para engravidar, se possível. E fazer exames, até mesmo antes de engravidar - comenta Paula Martinez, médica infectologista do município.

Aplicativo ajuda a analisar o surto de toxoplasmose em Santa Maria

No caso de mulheres que engravidarem durante o período de surto, a triagem e exames devem ser mais rigorosos, independentemente da sorologia ser positiva ou negativa.

- A gestante tem que fazer os exames de pré-natal e ter esse acompanhamento mensal. Se, a partir de qualquer estágio da gravidez, se identificar uma infecção aguda, ela vai ter que ser submetida ao tratamento, que vai depender da idade gestacional em que ela se encontra no momento do diagnóstico - complementa Paula.

RISCOS NA GRAVIDEZ

  • A recomendação é que a gestante faça o exame de 30 em 30 dias. O acompanhamento mensal e de pré-natal é fundamental para um diagnóstico precoce e tratamento dos casos, caso a doença seja confirmada durante a gravidez
  • Numa situação normal, fora de surto, se recomenda fazer o exame uma vez antes da concepção e, pelo menos, três vezes durante as gestações
  • No primeiro trimestre, como o embrião está em formação, a maior parte dos órgãos pode ser atingida, por isso, há risco maior de má-formação ou abortamento. É nessa fase que há maiores chances de quadros mais graves, tais como microcefalia e outros. No primeiro trimestre, o parasita tem dificuldade de passar para o feto. A infecção é mais rara, mais difícil, mas, se ocorrer, é mais grave. No primeiro trimestre, a chance de transmissão é de 3% a 7%
  • Na transição para o segundo ou terceiro semestre, os problemas para o feto tendem a ser menores. Já a chance de transmissão é inversamente proporcional aos riscos para o bebê. No final da gravidez, há até 90% de chance de transmissão, mas a tendência é que os problemas sejam menores.  
  • As complicações podem ser cegueira ou problemas na visão, alteração na audição, por exemplo 

TRATAMENTO 

  • O tratamento depende da idade gestacional no momento do diagnóstico. Até a 18ª semana, usa-se um medicamento (espiramicina), um antiparasitário, que não penetra no bebê, que tem a finalidade de evitar a transmissão da doença para o feto. Após esse período, é feito um exame no líquido amniótico para avaliar se continua com o mesmo medicamento ou se usa outros três medicamentos, que passam a tratar o bebê dentro do útero
  • No entanto, se durante o pré-natal e as coletas mensais a doença for identificada, pode-se começar o tratamento do feto intraútero, por exemplo

PRINCIPAIS CUIDADOS 

  • Tomar água mineral ou fervida por 10 minutos
  • Não coma alimentos crus, frutas e vegetais produzidos no solo por jardinagem
  • Descascar frutas antes de comer
  • Não coma carnes cruas ou malcozidas, incluindo quibe cru e embutidos (linguiça, salame, copa e outros)
  • Congelar a carne a -12°C por 24 horas
  • Lavar as mãos com água corrente e sabão ou detergente antes e depois de manipular alimentos
  • Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados
  • Evitar manuseio direto com solo, incluindo jardins, parques. Caso seja necessário, usar luvas e lavar bem as mãos após a atividade
  • Após manusear carne crua, lavar bem as mãos e toda a superfície que entrou em contato com o alimento, inclusive os utensílios utilizados
  • Evitar o contato direto com fezes de gato
  • A caixa de areia de gatos deve ser limpa preferencialmente por outra pessoa, todavia se não possível, deve-se limpá-la e trocá-la diariamente, utilizando luvas e pá de lixo
  • Alimentar os gatos com carne cozida ou ração, não permitindo que os mesmos façam a ingestão de animais caçados


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